Depois das tragédias causadas por mineradoras em Minas, é até surpreendente perceber como essas empresas tentam agora se cobrir com um manto de humanidade, tentando a todo custo, ligar as emoções humanas, o aconchego de um lar, ou mesmo a própria felicidade, à uma atividade, que por anos, só vem depredando o meio ambiente, prejudicando a saúde humana, e mais recentemente, matando pessoas.
Uma tentativa inútil de tentar provar que, deixando para trás paisagens lunares, sem árvores, sem vida, rios contaminados, pessoas doentes, é possível transformar o futuro de uma sociedade, para melhor.
Transformar o amanhã, hoje, é encontrar soluções que possam sim, trazer benefícios tecnológicos para as pessoas, mas sem deixar o rastro inapagável de prejuízos que atingem a todos, em diferentes graus.
Os mineiros fazem parte da vida da mineração, mas de uma forma a suportar suas consequências negativas, porque não há saída. O povo das Alterosas paga um altíssimo preço por habitar as ricas terras das Minas Gerais.
Mais caro ainda paga o ambiente desse Estado, que nem de longe lembra a configuração do início do século.
Cadê a montanha que estava ali?
Cadê a água e o ar puro que estavam ali?
Cadê as árvores que protegem o solo, e que estavam ali?
Não, o gato não tem nada a ver com isso. Ele, bem como toda uma fauna, é só mais uma vítima.
Nosso grande poeta Drummond, em triste poesia, escreveu que Itabira era apenas um retrato na parede. Ele manifestou sua saudade de um tempo da sua infância, quando o pico do Cauê dominava majestoso a paisagem da sua cidade natal.
Muitos anos depois, sem nenhuma perspectiva de uma transformação do amanhã, podemos dizer que hoje somos todos, mineiros, e Minas, um retrato na parede.